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13 fev

‘He-Man’ explica por que trocou Cruzeiro por Atlético-MG: ‘Coisas do coração’

Ao marcar um dos gols na vitória do Atlético-MG por 3 a 0 sobre o Uberlândia, neste domingo, pelo Campeonato Mineiro, Rafael Moura realizou um sonho. Pela primeira vez comemorou um gol como profissional pelo clube que o revelou para o futebol há 14 anos e que torce desde a infância.

Apesar de ser atleticano fanático, o atacante viveu o outro lado da maior rivalidade de Minas Gerais, em 1991.

Após começar no futsal no clube de Belo Horizonte, ele foi chamado para jogar futebol de campo pelo Cruzeiro e permaneceu por dez meses nas categorias de base da equipe celeste, mas seu destino era fora da Toca da Raposa.

“Recebi um convite do Atlético-MG. Como sou atleticano e toda minha família também, aceitei sem pensar duas vezes. Coisas do coração, não pensei duas vezes”, disse, ao ESPN.com.br.

Treinado por Marcelo Oliveira e pelo ex-zagueiro Luisinho na base do “Galo”, o atacante chegou a vencer vários títulos estaduais e disputou um torneio na Croácia.

Após ser emprestado ao Villa Nova-MG e fazer sua estreia como profissional, ele voltou ao Atlético-MG, mas não conseguiu ter sequência no time principal.

“Fiquei um ou dois anos treinando como profissional. Naquele tempo as coisas eram muito diferentes. Tínhamos o Marques, Guilherme, Alex Alves e Fábio Júnior. Como um moleque de 18 anos iria jogar no meio de tanta fera? Era impossível”.

“Hoje em dia, os moleques sobem com patrocinador, carro e já têm empresário. A gente precisava esperar até os caras tomarem banho antes para depois entrar no vestiário. Havia muito mais respeito pelos profissionais mais velhos”.

He-Man acredita que a nova geração de garotos precisa deixar os “mimos” de lado e concentrarem-se apenas em virar um atleta.

“Também fazia a gente querer mais ser jogador porque era uma diferença muito grande de condições entre os profissionais e os garotos da base. Chegávamos ao time de cima com muita fome. Um garoto de 15 anos hoje já ganha uns R$15 mil. Eles estão cada vez mais mimados. Tudo da base é igual ao do profissional, eles perdem aquela vontade de ter o algo a mais”.

Mesmo após sair do Atlético-MG e defender dez clubes diferentes, Rafael Moura nunca equeceu o lado torcedor. Na final da Copa Libertadores de 2013, vencida sobre o Olimpia-PAR, o atacante comprou um camarote para sua mãe e sua esposa verem a partida mais importante da história do clube.

Só que o atleticano queria sentir o gostinho de defender as cores do seu time. No final de 2015, surgiu a oportunidade de voltar ao “Galo” mineiro.

“Foi uma questão pessoal minha. Estava para finalizar o contrato com o Internacional e já estava desgastado. Já não estava em um momento bom com a diretoria e eu queria sair. Queria muito voltar ao Atlético-MG e fizemos um contrato”.

“Como eu tinha acabado de fazer cirurgia no pé, o técnico Diego Aguirre achou que eu não estaria em condições de disputar uma Libertadores do jeito que sou. Brigando muito pela bola e com a mesma raça”.

O He-Man foi emprestado ao Figueirense por toda temporada, antes de finalmente realizar seu desejo. A reestreia foi na vitória por 2 a 0 sobre o Joinville pela Primeira Liga, na última quinta. Ele aproveitou a ocasião para cutucar via redes sociais seu maior rival.

“Minha primeira vitória nessa volta tinha que ser logo no dia 9/2, na minha estreia no Independência e com a camisa 13! Seguimos firmes e com o foco sempre nela (a bola)”, postou em alusão a histórica vitória do Atlético-MG sobre o rival, por 9 a 2, em jogo do Campeonato Mineiro, em 1927.

O primeiro gol finalmente veio na partida contra o Uberlândia, após jogada pela direita e passe do artilheiro Fred dentro da pequena área.

“A emoção é indescritível. O momento chegou. Feliz em poder voltar a marcar e o primeiro como profissional com a camisa do Atlético. Toda a torcida tem me incentivado muito e o que tenho feito é por esses torcedores. A torcida gritou no último jogo e hoje também. Nada mais justo do que eu fazer a comemoração tradicional do He-Man para a torcida atleticana”, destacou o atacante.

Apesar de ter seguido carreira profissional como jogador de futebol, seu primeiro esporte de competição foi outro completamente diferente.

Rafael Moura era uma das maiores promessas do bicicross de Minas Gerais.

“Eu andei dos três aos 13 anos. Fui campeão de tudo o que poderia. Eu vivo esse mundo de concentração e viagens desde garoto. Todo final de semana passava por isso. Cheguei a competir fora do Brasil muitas vezes. Eu competia Sul-Americano, Estadual e Brasileiro”.

Após mais de uma década pedalando pelos circuitos mundo afora, o garoto competia uma categoria acima da sua idade. Mesmo assim, acabou desanimando.

“Eu não fazia mais os treinos e nem participava do qualyfing. Só queria saber de jogar bola em qualquer lugar que aparecia (risos). Até nas quadras dos hotéis. Meus pais então falaram que, se eu não estava mais animado, deveria ir para futebol. Acabei largando o bicicross, mas deu tudo certo”.

Fonte

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